TELETRANSPORTE MUSICAL
- Ariel Serafim

- 3 de abr. de 2020
- 2 min de leitura
Desde as religiões antigas a música traz forte conexão com a espiritualidade nos mais variados estilos de vida
Ariel Serafim

Sarasvati, deusa hindu da sabedoria, das artes e da música | Foto: Ariel Serafim
>> >> Alguns estilos de música são capazes de levar o ouvinte a estados meditativos e de expansão da consciência sem quaisquer tipos de substância psicoativa, seja em raves com música eletrônica ou em celebrações religiosas. Um dos exemplos são os mantras hindus, que trazem um estado de consciência que incentiva o despertar de uma capacidade vibracional muito sutil para o corpo.
Marilene Mari Cardeal dá aulas de ioga desde 1997 e trabalha com duas modalidades dessa prática: vinyasa e hatha. Ela explica também que os praticantes do ioga se fortalecem de energias por meio de sons chamados de mantra. "Nós temos a energia da força, capaz de superar obstáculos para alcançar abundância, prosperidade e sabedoria."
Na umbanda, a música é responsável pela incorporação de deuses e outras entidades, guiando-os até o corpo dos sacerdotes, além de ser a própria manifestação da energia vital. A palavra revestida de som ganha poder em uma sociedade em que a oralidade é a fonte de transmissão de saberes e valores. Os terreiros de candomblé e o samba estão assim em diálogo, uma conversa complexa que atravessa o sagrado, o profano, a tradição, a musicalidade e a identidade.
Anderson Rodrigues, mais conhecido como Ubuntu, é o ogã que toca atabaque nos dias de gira, que acontecem aos sábados. Ele explica o modo em que a música marca uma forte presença em sua espiritualidade. "Todos os dias me renovo através da musicalidade, mas não é todo tipo de cantiga voltada para o espiritismo que canto no meu dia a dia porque têm músicas que são usadas apenas para trabalhos."
Anderson conta que a batida dos tambores e a entonação que os cantores de axé e samba usam vêm das cantigas dos centros de umbanda e candomblé, que também eram cantadas nas rodas de capoeira no período em que os negros foram trazidos para o Brasil. "A musicalidade traz um caminho, uma saída e refúgio. Ela agrega também amor e vida."
Fora do âmbito religioso, as raves, eventos de músicas eletrônicas, têm sido as queridinhas dos amantes da psicodelia desde o início dos anos 1990. As festas são famosas por serem em locais mais afastados e também pelas decorações coloridas que lembram o hinduísmo e o espaço sideral. Essas festas também são conhecidas por unir as pessoas com a liberdade de dançar e curtir como quiserem.
Isadora Del Rei, 20, estudante de publicidade e propaganda, é budista e curte ouvir e ir em festivais de música eletrônica que tocam trance e outros estilos de música semelhantes. "Quando ouvimos aquilo que gostamos e nos identificamos, quimicamente falando o nosso corpo ‘agradece".
Ela conta como faz para sintonizar a música com a espiritualidade. "O nosso físico, nosso emocional e nosso espiritual estão ligados uns nos outros, então a sintonia da música com todas essas questões acontece naturalmente", explica.
Fotos: Ariel Serafim































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